quinta-feira, 16 de abril de 2015

Redescobrir as Nossas Raízes



Somos um povo que ainda resiste as raízes de vidas não pereceram, canções e os relatos mantém-se vivos no século XXI dando continuidade ao legado deixado pelo etnomusicólogo Michel Giacometti e muitos outros, nos anos de 1970. Histórias de vida e canções que resistiram à modernidade, traços que caminham de um outro tempo, sobreviventes nas memórias dos artesãos, das ceifeiras, dos cavadores. Chegam-nos como cantigas de semear, de maldizer, de colher, de bailar, de abençoar, de pecar, de agradecer, de protestar, de adormecer. 

Há muito pouco trabalho de recolha e o que existia estava muito cingido às autoridades do Estado Novo que queriam o espartilhar por um lado e, por outro condicionar a visão que tínhamos da nossa cultura popular, realça Michel Giacometti acrescentando que “tinha noção que um povo consciente da sua existência detinha uma força que o Estado Novo não sabia controlar”. A figura e o trabalho, são realçados em várias obras de Michel Giacometti que são uma espécie de analogia que permite perceber as mudanças registadas 45 anos depois.Ele Michel Giacometti  reúne, recolhas musicais, que não estão agarradas a contextos geográficos ou catalogados científica e etnograficamente.Giacometti encontrou os tesouros completamente por desbravar. Não fez este trabalho sob o ponto de vista científico mas sim inspirado. Baseava-se na cientificidade de etnomusicólogo que chocava muito com as regras científicas utilizadas naquela altura. Estas estiveram vigentes durante muito tempo, um tipo de trabalho muito menos próximo das comunidades e das populações, houve alguém que disse que a proximidade dele ao povo fez-lhe descobrir tesouros que os teóricos não descobriram. “Os que não sujaram as botas na lama das estradas não descobriram”. Por isso as pessoas continuam a cantar e a ter algumas actividades culturais e em comunidade que lhes são úteis para o desenrolar do seu dia-a-dia.
Realçar o facto de as pessoas ainda terem necessidade, mesmo, de se reunir à volta do trabalho para se sentirem realizadas.
E ainda há lugares onde a reunião no final do trabalho faz sentido e, por isso, estão vivas, o discurso de que o progresso matou a tradição não é verdadeiro.